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POLAROÏD

Criação 2023-24

O conceito para este projecto germinou ouvindo a rádio.  Houve uma altura em que  escutava com assiduidade um programa de Marie Richeux.  Todos os dias, mais ou menos no mesmo momento do programa era lido um texto chamado POLAROID.

 

Seguiu-se uma compilação desses textos curtos editados em forma de livro.  O seu conteúdo foi sempre algo intrigante, por vezes fascinante, fazendo aparecer com frequência imagens de um imaginário bastante peculiar, ao mesmo tempo que quotidiano. Nesta compilação, o prefacio era assinado por Georges Didi-Huberman; e o seu questionamento sobre o que é uma POLAROID literária deu-me as primeiras pistas de compreensão e desejo de aprofundar uma questão. 

“Polarize” na própria textura das coisas.  Aproximar-se, inclinar-se, ceder o seu lugar ao minúsculo.  Mas também “polarize” as relações que cada elemento mantém com o seu vizinho: mover-se, mudar a incidência da luz, trocar de sitio com o intervalo. 
Georges Didi-Huberman

Da leitura desse prefacio, surgiu a pergunta do que seria uma POLAROID teatral.
Realizei então algumas experiências com estudantes e estagiários, o que me permitiu verificar o interesse por criar um método de pesquisa, inspirado nestas questões nascidas das minhas obsessões e preferências experimentais.

Sempre fui fascinado por esta técnica fotográfica, pelo seu aspecto, pela sua densidade, pelo seu imediatismo relativo. As misturas cromáticas, que vemos espalhar-se num espaço-tempo orgânico evocam-me uma certa teatralidade da imagem.  Nas artes performativas, o momento da criação é o tempo presente.  A criação da imagem numa POLAROID é também presente e material. 

©Denise Oliver  /  ©Paulo Duarte

A evocação da lembrança: impressão nm (subst. do v. lembrar, 1080 lat.  subvenire "vir à mente") Aquilo que vem ou pode vir à mente de experiências passadas; imagem que guarda e fornece a memória.


Uma imagem que envelhece, se desvanece, se transforma… em si, a Polaroid é um vetor material da memória e das suas transformações ao longo do tempo.

Como criar uma polaroid teatral? Criar a ação teatral ao vivo, as transformações, assistir a uma memória submergir e desaparecer, transformar-se...  

Partindo de trabalhos de imagem, compilações de memórias pessoais, poemas, criamos uma peça híbrida na forma e intimista.  

É óbvio que  nossa memória seria  rápidamente  "saturada" se mantivéssemos todas as imagens de nossa infância, especialmente aquelas  desde a nossa primeira infância. O que  resta - memórias ou vestígios - é o produto da erosão pelo esquecimento. As memórias são moldadas pelo esquecimento como os contornos de costa maritima   (...) Algo como uma cumplicidade entre o mar  e terra,  Ambos contribuíram ao longo  trabalho de eliminação do qual a paisagem atual é o resultado. (...)
O esquecimento, em suma, é a força
  viva
da memória e  a recordação é o seu produto."


Marc Augé, As formas do esquecimento

Para mais informações pode descarregar o dossier (em francês) AQUI

Imagens © Denise Oliver Fierro, Pedro Sardinha e João Rey AQUI

Ficha técnica (em francês) AQUI

Durante o processo de experimentação trabalhamos a imagem realizando duas curtas-metragens explorando os temas e as questões do projeto. Estes vídeos, autônomos em si, podem ser encontrados posteriormente na instalação associada.

A primeira é uma colaboração com Hugo Germser (Novembro 21).

A segunda é uma colaboração com Aurélie Bonamy (Janeiro 22).

 

ELES ESTÃO A FALAR

Entrevista com Paulo Duarte

MAgazine n01 - novembre 21  MA scène nationale Pays de Montbéliard

Intervista com Paulo Duarte e Caroline Masini

Scén'Orama - Radio FM Plus (Montpellier) - por Annick Delefosse

Articulo de jornal de Vincent Pourrageau

Midi Libre du 13/12/2023

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